segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Mas... como surgiram as Repúblicas em Coimbra?!

Encontramos vários textos sobre o surgimento das Repúblicas em Coimbra, mas todos dizendo praticamente a mesma coisa. Como formular mais um texto seria, como podemos dizer, redundância, resolvemos copiar esse texto do blog da República do 44, que está neste link aqui. Se forem ao blog do 44 poderão ver que lá estão listadas as Repúblicas, bem como estão presentes links para seus respectivos blogs. Faremos o mesmo em um próximo post, apenas atualizando os endereços das que hoje possuem blog e obviamente retirando os que não estão com endereços ativos.



Existem em Coimbra umas seculares organizações responsáveis, em grande parte, pelo ambiente sui generis da cidade dos estudantes e que se apresentam sob a designação de Repúblicas.
Berço do romantismo boémio, libertam em torno de si um sentimento mitológico, que lhes confere uma forte identidade académica, assente numa sólida estrutura social e simbólica.

As suas origens remontam ao séc. XIV, por esta altura já Coimbra era um importante centro de estudos onde acorria, cada vez mais, um número crescente de pessoas para aí receberem os seus ensinamentos. Foi este aumento repentino da população escolar, que fez com que a cidade se debatesse rapidamente com carências a nível habitacional. Por forma a ultrapassar este problema, foi criado em 1309, por D. Dinis, o diploma régio que visava a construção de casas na zona de Almedina e que deveriam ser habitadas pelos estudantes, mediante o pagamento de um aluguer, cujo montante seria fixado por uma comissão constituída por estudantes e por "homens bons", da cidade, expressamente nomeada pelo Rei.




Foi, pois, a partir de um tipo de alojamento comum, permitindo aos estudantes minimizar os encargos económicos, que surgiram, por evolução, as Repúblicas dos nossos dias.

Nas Repúblicas de Coimbra respira se um ambiente único em originalidade e irreverência. Vivem debaixo do mesmo tecto pessoas com divergências ideológicas por vezes bastante acentuadas, o que origina acesos debates. A ceia proporciona momentos de rara eloquência onde temas tão diversos como a política, a religião, os estudos ou as maleitas de amor servem para acalorar as frias noites coimbrãs. No entanto um ponto em comum une estes jovens, que tragam a vida com sofreguidão, o respeito mútuo pelos valores dos seus companheiros. Pontifica acima de tudo um ambiente de franca camaradagem.

Em 11 de Dezembro de 1948 cria-se o Conselho das Republicas, formado pelos KÁGADOS, BACO, RÁS-TE-PARTA, PAGODE CHINÊS, PALÁCIO DA LOUCURA, JÁSTÁ, tendo como principal objectivo aumentar o número destas e garantir a sua subsistência por tempo indefinido.

A imagem das Repúblicas esteve constantemente aliada à irreverência e à contestação do poder, sempre que isso significasse a defesa dos interesses da Academia. Assim foi, na década de 60, contestando o regime salazarista. A Crise Académica de 69 constituiu um retrato fiel da coragem e do espírito reivindicativo aí existentes; uma lista apoiada pelo Conselho das Repúblicas venceu, por esmagadora maioria, as eleições para a A.A.C.
No início da década de 70, com a queda do salazarismo, importantes movimentos sociais intervieram na vida académica

Ontem como hoje impõem-se universalmente valores que unem o passado ao presente: a vida em comunidade, a soberania e a democraticidade. As decisões são tomadas unanimemente e todos os membros responsabilizados na gestão da sua casa.


“Presentemente, as Repúblicas, fazem parte do lendário e da vida social de Coimbra e, por que não, do próprio património sócio-cultural do País” Câmara Municipal de Coimbra (Coimbra Viva)

“casas fruídas por Repúblicas de estudantes de Coimbra são consideradas associações sem personalidade jurídica”Diário de República, Lei n° 2/82 de 15 de Janeiro

“As Repúblicas e os Solares de Coimbra, admitidos como tal pelo Conselho de Repúblicas, bem como as cooperativas de estudantes são reconhecidos como pólos autónomos dinamizadores de cultura e de vivência comunitária e académica.” Estatutos da Universidade de Coimbra, artigo 21°







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